Adaptações

Ensaio sobre a Cegueira adaptado ao cinema

 O realizador Fernando Meirelles pôs no ecrã o Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago, que durante muito tempo resistiu a essa adaptação.

Isto contou ontem Fernando Meirelles, realizador brasileiro, em Cannes: já em 1998 quis comprar os direitos de adaptação de Ensaio sobre a Cegueira, e José Saramago recusou. “Não quis. Disse que o cinema destruía a imaginação”.

Seis anos depois o filme caiu-lhe no colo devido aos esforços do produtor Niv Fischman e do argumentista Don McKellar, que em Lanzarote convenceram o Nobel português – dizem eles que não discutindo o livro ou a sua adaptação, antes sossegando Saramago com a certeza de que seria um projecto com liberdade criativa, uma produção independente (“a very independent production”, lê-se no genérico), que nenhum estúdio iria transformar personagens que cegam e passam a ver tudo branco e leitoso devido a uma misteriosa epidemia num grupo de zombies de um filme catástrofe.

O filme fez-se, co-produção entre Brasil, Canadá e Japão, Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover ou Gael García Bernal tiveram workshops para aprenderem a comportar-se como cegos, e o apocalíptico Blindness abriu ontem, em competição, o Festival de Cannes.

Memorial do Convento

 O seu romance Memorial do Convento foi adaptado a ópera pelo compositor italiano Azio Corghi, com o título Blimunda. A estreia mundial, com encenação de Jerôme Savary, realizou-se no Teatro alla Scala, Milão, em 20 de Maio de 1990. Também da peça In Nomine Dei foi extraído um libreto, o da ópera Divara, estreada em Munster (Alemanha), em 31 de Outubro de 1993, com música de Azio Corghi e encenação de Dietrich Hilsdorf. Igualmente de Azio Corghi é a música da cantata A Morte de Lázaro sobre textos de Memorial do Convento, O Evangelho Segundo Jesus Cristo e In Nomine Dei, interpretada pela primeira vez em Milão, na igreja de San Marco, em 12 de Abril de 1995. Ainda de Azio Corghi é a música da cantata sobre O Ano de 1993, interpretada pela primeira vez em Florença, em 8 de Junho de 1999. Da sua obra teatral Don Giovanni, ou o Dissoluto Absolvido foi extraído o libreto da ópera de Azio Corghi Il Dissoluto Assolto, estreada em Lisboa, em 18 de Março de 2006, no Teatro Nacional de São Carlos.
O seu romance A Jangada de Pedra foi adaptado ao cinema pelo realizador holandês George Sluizer em 2002, com o título de Het Stenen Vlot Spoorloos.